
Que mundo é este em que estamos vivendo. Multidões de pessoas sendo soterradas pela ideia de ser feliz a qualquer preço. Catando a felicidade aqui e ali, nele ou nela, e em receitas prontas de auto ajuda, que emprestam máscaras ilusórias, para que se usem provisoriamente. Sensações de felicidade em gotas, não permanentes, perenes.
Sentimentos como melancolia, tristeza, saudade, quietude, medo saudável, interiorização, sendo considerados como ervas daninhas a serem banidas pela imediatice do pensamento positivo.
Não estou contra a possível eficácia do pensamento positivo, do foco, pregado por multidões, traduzidos em livros, reduzidos a palavras certeiras. Mas não quero concordar (poder eu posso), com a inexistência de sentimentos essenciais para o crescimento do ser humano, e para sua plenitude. Andar em linha reta, só buscando a felicidade, sem se permitir recuos, curvas, sinuosidades, e porque não, desilusões, tem criado pessoas programadas para somente, acertar, conquistar, o que for a qualquer preço.
Vida, morte, alegrias, perdas, danos, conquistas, fracassos, buscas, desencontros, imaginação, realidade, amor, desafeto, sonhos, devaneios, vontade, desinteresse, enfim nada pode ser completo, não sendo inteiro. Não é possível ganhar sempre. E ser feliz não significa estar sempre feliz. A felicidade pode ser comparada a um barco à deriva, ao sabor do vento, que de tempos em tempos, atraca em nossos portos. Buscá-la exageradamente é apenas uma precipitação desnecessária do que tem dia pra chegar.